um perfume inebriante de rosas selvagens paira sobre o vale sombras de verde e azul florinhas penduradas como gotas translúcidas.
segredos vivos se escondem lá nas profundas do vale
há uma árvore com grandes raízes que se enterram no solo e buscam o mar onde minha mãe agora habita tornada em água, tartaruga, alga marinha, cinzas de minhas cinzas, pó do meu amor minha mãe.
no vale as flores sonham, brancas e plácidas o córrego sonha, sereno em seu curso líquido eu caminho em silêncio e meus olhos são verdes e se afogam em gotas translúcidas são azuis os meus olhos, da cor da terra, meus grandes olhos castanhos, tristes como os olhos de um cavalo triste choram.
há uma árvore no vale seus galhos tão longos que tocam o céu as pequenas flores fantasma à volta da árvore dançam, porque ali, das raízes que crescem para dentro das águas uma semente se formou e agora busca alcançar o céu que nos protege.
na luz tênue vejo minha mãe, transmudada em verdes e azuis e rosas selvagens meiga e espirituosa, cheia de risos, corajosa como ela é, e doce vejo minha mãe nos olhos azuis e verdes de minha filha, brilhante como ela é em um mundo sem relógios ela é.
Texto e imagens ©Malu Baumgarten - todos os direitos reservados à autora
Words and photography ©Malu Baumgarten - all rights reserved
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