Por viver no mundo das coisas não ditas
acho-me perdida
em sonhos e delírios
desfaço-me;
vivo e morro nas ondas de meu desejo.
Ele é o rochedo onde quero
ancorar meu barco, a ilha
onde meu coração se abriga.
Ele é a dor que me tem acordada
quando dorme o mundo inteiro.
Ele vive
num mundo imaginário.
Não posso encontrar portas que o abram para mim
(são portas imaginárias)
Desfaço-me em pedaços, e nos vazios de meu corpo
não encontro um só lugar
Onde por meu coração (por isso o trago na mão).
Por viver no mundo das coisas não ditas
encontro-me solitária, e ainda cheia
de palavras que não devo enunciar
e sentimento que não é meu para sentir.
Quando busco meus pedaços,
encontro-me outra,
uma que leva a marca das coisas não ditas,
dos olhos que sorriem meias-verdades,
do ciúme sem razão de ser.
Porque vivo no mundo das coisas não ditas,
lá faço dele minha casa, rochedo, ilha,
meu homem, se quiser;
Lá minha poesia pode ser pobre e ele há de ser vago
(e sou vagamente sua);
Lá, quedo-me no alto da colina,
deixo que o vento me carregue
e digo sim.
Sou inocente no mundo das coisas não ditas,
lá entrego meu coração nas mãos dele
Este coração que cresceu demais para servir em peito
apertado por tal tristeza.
Texto e imagens ©Malu Baumgarten - todos os direitos reservados à autora
Words and photography ©Malu Baumgarten - all rights reserved
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